terça-feira, 25 de novembro de 2008

A dor que dói mais...by Martha Medeiros

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.
Mas o que mais dói é saudade.Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.Saudade é não saber.
Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
*Descobri Martha Medeiros via Patrícia Torquette.
** Esse é mesmo um momento de muitas saudades... saudade que dói e martela dia e noite... mas essa saudade vai passar... a distância vai diminuir... e eu vou aproveitar...ahhh mas eu vou aproveitar muito de você Tiago...

domingo, 9 de novembro de 2008

Ela...


Um dia ela apareceu aqui em casa... pequenininha...uma bolinha de pêlos. Chegou acompanhada do seu irmãozinho e de sua mãe Catarina. Catarina vivia de passagem por aqui. Ela vinha, eu dava ração, água e carinho. Meu sonho era que ela ficasse aqui de vez... mas ela sempre ia embora... talvez por medo do Joãozinho que não brigava com ela mas que tinha uma cara de malvado que assustava todo mundo, até as visitas.

Catarina emagreceu... não queria mais comer... um dia ela foi embora e os dois filhinhos ficaram aqui... e assim ela vinha todo dia no final da tarde. Dava mamá, ia embora e os filhinhos ficavam...até que um dia ela não veio mais... entendemos que ela havia deixado os filhos conosco pois entedia que iríamos adota-los. E assim eles foram batizados e inseridos em nossa vida: Juninho e Pretinha.

Juninho era peralta e espaçoso...pegamos ele várias vezes pendurado em gaiolas... ele não atacava os pássaros...parece que só queria vê-los mais de perto. Já Pretinha era arisca, não confiava em ninguém e vivia pronta pra sair correndo. Aos poucos fui me apaixonando por Pretinha...fui aprendendo todos os sinais que ela passava...com muito carinho fui provando a ela que não éramos tão malvados assim... nos apegamos...decidi que Pretinha não era um nome muito pomposo...Pretinha virou Petrusca ou Pet para os íntimos...

Perdemos Juninho...Perdemos Joãozinho...

Pet ficou só... se apegou a nós todos...e sem nem notarmos...um belo dia ela fazia parte do mundo de “dentro de casa”...mundo onde nunca nenhum outro havia chegado... até meu padrasto sempre tão desconfiado, aceitou de bom grado aquela criaturinha andando por todos os cômodos da casa...

Outro veio...Juan Pablo...tornou-se melhor amigo de Pet...era normal vê-los brincando pelo chão...um mordendo a barriga preta e branca do outro...quando Pet via que estava em desvantagem (Juan era 2 vezes maior que ela) dava um gritinho histérico...a gente corria e brigava com Juan...ela saía com aquela cara de “Ihhh se deu mal! Ta vendo? Elas me amam!”....

Perdemos Juan Pablo...

Veio Raymundim... moleque arisco...reencarnação do Juninho...nas atitudes e até nas cores...Pet o adotou como um filho... e ralha* com ele quando ele ultrapassa o horário de chegar em casa. *Por ralhar entenda uma mordida na ponta do rabinho. E Raymundim respeita...nunca revidou...

E assim estamos hoje...


Cada dia você me ganha mais... com seu olhar que parece saber tudo que eu to sentindo... com seu jeitinho meigo...seu caminhadinho lento e pesado pela casa ou na sua corridinha veloz atrás do papainoelzinho de estimação... nós duas rolando pelo chão atrás de uma bola...você fingindo que vai me morder quando pego em sua barriga...você do meu lado enquanto estudo...você me acordando todo dia as 6 da manhã com um miadinho doce e um beijinho no rosto e seu narizinho gelado de gorjeta... você com sua cara indefectível de espanto ao lado do pratinho de ração quando ele está vazio...todos os sons que já sei decifrar: “Nata, abre a porta” “Nata, me dá um pouco de leite?” “Nata, troca a água do meu potinho?” Hum?" .Tanta história pra contar...tantas idas ao veterinário...o Dr. Gato e sua cirurgia, a veterinária grávida de 9 meses que quase me mata do coração com medo que ela te deixasse fugir, você por 2 semanas no hotelzinho e não reconhecendo sua casa (e nem a gente!) quando voltou, você atravessando a passarela sob a BR na caixinha de transporte com seu avô (meu padrasto) fingindo que ia te deixar cair só pra me deixar louca, você com medo de insetos (blargh!), você não dando bola para estranhos, você correndo pra debaixo da cama com medo dos fogos de artifício...a gente brincando de esconde-esconde...tanta coisinha nossa...tanta...

Te amo minha princesinha...te amo por tudo que fizestes...por ter nos tornando pessoas mais doces...por nos amar desse seu jeitinho lindo... obrigada por tudo minha gatinha...

sábado, 1 de novembro de 2008



Acho que a partir do dia 10 de dezembro de 2008 eu vou girar...girar...e girar...

Tirinha by http://xkcd.com/ onde eu quase nunca entendo e minha alma gêmula tem que traduzir para mim... =D